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Vamos falar sobre… a transição do aluno

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Chamamos de transição um período de mudança, geralmente significativa. No vocabulário escolar, há várias fases de transição: do berçário para o maternal, do Infantil para o Fundamental, do quinto para o sexto ano… e assim vai. Para falar sobre o assunto, vou alterar um pouco minha forma de escrever o artigo. Em lugar de falar sobre minhas pesquisas, para este artigo, em especial, vou falar de experiência.

Na verdade, pessoalmente, nunca me atentei muito ao fato, no papel de aluna. Para mim era muito natural que houvesse mudanças de um ano para o outro. Fui dar maior atenção ao fato no ano 2.000, quando mudei de escola na rede municipal onde trabalhava. O motivo? Optei por ser professora de primeiro ano dentro de uma escola de Educação Infantil.

Era um projeto da prefeitura que o primeiro ano fosse cursado ainda na Educação Infantil. Devo dizer que tive alguns obstáculos nesse quesito… os alunos mais novos, que faziam aniversário entre julho e dezembro ficam nessa unidade em que eu estava e os que faziam aniversário entre janeiro e junho do mesmo ano de nascimento iam para escolas maiores, só de Ensino Fundamental. Não preciso dizer que os pais estavam insatisfeitos… e que eu era a “psicóloga” mais próxima deles para resolver esse problema de insatisfação.

Digo que dei maior atenção nesse ano, não apenas pelo fato de os pais serem contra a determinação do município, mas também porque nunca tinha trabalhado com Educação Infantil em rede regular de ensino. Antes disso, meu único contato com os menores foi em algumas aulas de idiomas que dava na rede PBF. Mesmo assim, muito poucas foram as classes de crianças realmente pequenas.

A escola, por sua vez, também não tinha, em meu período, professores que tivessem experiência com o Fundamental, como eu. Quantas classes de primeiro ano tinham na escola? Só a minha, ou seja, ninguém com quem compartilhar. Era experimental!

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Talvez tenha sido um dos anos que mais aprendi a lidar com o primeiro ano – e olha que eu já tive muuuuuuitos primeiros anos. Na minha avaliação de trabalho em meados daquele ano, escrevi algo em minha reflexão que iria mudar para sempre minha forma de trabalhar com a série. Na época, virou até tema de uma das reuniões pedagógicas, porque os professores do Infantil – e a diretora – não tinham percebido também esse fato que explanei tão inocentemente em minha reflexão.

Ficou curioso, certo? Bem, indiquei que nunca tinha tido um contato tão grande com a Educação Infantil e não tinha ideia de como era o trabalho feito. Sendo assim, mudei várias estratégias de trabalho com o primeiro ano, visando uma adaptação mais tranquila dos alunos. A pressão dos pais e a vivência com alunos menores me fizeram repensar toda minha forma de trabalho. Além de toda a situação, ainda tinha o problema das carteiras… sim! Eu usava carteiras tipo “mesinhas”, do mobiliário do infantil e dividia minha sala com a professora da tarde, que tinha uma turma de pré. Para terminar, seguia também a rotina das demais classes da escola.

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Como expliquei, o tema virou discussão. A diretora achou interessante meu ponto de vista ao notar que eu tinha que mudar minha forma de ensinar, pois agora eu sabia o que considerar de um aluno de Infantil, ao ingressar no primeiro ano. Resultado: descobri que as outras professoras da escola também não tinham ideia do que era cobrado em um primeiro ano. Elas também mudaram muito a forma de trabalhar naquele ano. Nas classes de pré a mudança já foi feita na metade daquele ano: começariam a utilizar caderno de brochura, não com intenção de lição, mas para que o aluno se habituasse com a forma de usar. Outras mudanças foram feitas também, todas porque eu percebi que tinha que mudar minha forma de lecionar por causa da dinâmica na qual os alunos estavam inseridos até o pré e elas perceberam que o trabalho do Infantil não levava em consideração o avanço escolar do aluno, no que diz respeito a instrumentos e comportamentos de um aluno de Ensino Fundamental.

Durante os três anos que fiquei ali todos crescemos muito no que dizia respeito à tal da “transição”. Na verdade, no que dizia respeito à mudança de pré para primeiro ano, ela deixou de existir. Foi nessa experiência que aprimorei, aliás, minha fase de adaptação dos alunos, que relato no livro “Aula – Os Segredos”, sendo que um dos segredos é a preparação do aluno, sem levar em consideração os objetivos do ano letivo. Essa adaptação, descrita com maiores detalhes no livro, traz descrições e fundamentações que explicam como essa pode ser uma ENORME vantagem para o aluno e para o professor.

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Se você pensa que minha experiência com a tal “transição” se resume a esta, que expliquei aqui tão detalhadamente, está enganado. Passei um bom período também como coordenadora de inglês da rede Objetivo do Grande ABC. Coordenava professores de inglês do Infantil ao Médio e também lecionava inglês do Infantil ao Médio. Vivenciei essa transição de várias maneiras, em mais de uma cidade, tanto do ponto de vista do professor quanto do aluno. Do professor, pois tinha contato com os professores “de classe” e “de matérias” e do aluno pois cheguei a entrar, literalmente, em todas as salas de uma das unidades em que trabalhei.

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A história era sempre a mesma… a mesma que eu tinha vivenciado naquele ano 2.000 na rede municipal. Antes daquilo, eu também não acertava muito na transição. Felizmente, tive o privilégio de poder ter essa experiência. Em lugar de reclamar dos professores da fase anterior e sabia o que eles tinham feito e de onde eu tinha que partir no início do ano letivo.

A fase de transição era evidenciada porque os professores não tinham o conhecimento da vivência anterior do aluno. Parecia que a cada fase o professor vivia em uma bolha e não conseguia enxergar além dela. Professores de Fundamental I não consideravam habilidades que os alunos deveriam ter no Fundamental II. Professores de Fundamental II negligenciavam toda uma vivência do Fundamental I e o resultado era quase sempre uma piora no rendimento dos alunos.

Quer que eu seja mais específica? Pequenos detalhes faziam grandes diferenças. No Fundamental I os professores explicavam tudo com muitos detalhes, como por exemplo que cor de caneta usar para fazer determinada parte da lição. No Fundamental II os professores não explicavam nada em detalhes sobre o que fazer com a lição. O importante era o conteúdo. Esse pequeno fato criava todos os anos grandes conflitos nas salas de aula. Parecia bobo, mas não era. Triste realidade… No Médio, piorava um pouco mais, mas vamos nos ater no limite do Fundamental.

Não sei se notou a mensagem que quis passar, mas serei bem clara no meu “finalmente” do artigo! A transição existe porque não há comunicação ou vivência de um tipo de professor em outro ambiente. Por tudo o que experimentei em sala de aula, ela está sempre com o foco no adulto. É ele quem não considera o anterior ou que não tem ideia do anterior. Certamente há diferenças físicas nos prédios e classes de uma fase para outra, mas nada é tão marcante na transição como o comportamento, não do aluno, mas do professor que não considera um período para essa transição, tanto na entrada do aluno no ano letivo quanto na saída. Se você já vivenciou diferentes ambientes de ensino, com fases distintas, deve também ter notado o quanto é diferente o comportamento dos professores. Com o tempo, conseguimos até olhar para o professor e, por sua forma de conversar, dizer de qual série ou de qual disciplina é, pois parecem “moldados” para aquilo.

Comecei o artigo com o título “Vamos falar sobre… a transição do aluno”. Seria mesmo a transição só do aluno? Somente ele deve estar preparado para a mudança? Somente o aluno tem uma adaptação?

Talvez seja o momento de sair da bolha, de notar as vivências de modo mais abrangente, de abraçar a educação globalmente e de modo a adaptar-se às diferenças. Talvez seja o momento de dar um novo passo “por uma educação melhor!”