O TRABALHO do Coordenador Pedagógico

O coordenador pedagógico é um profissional que pode assumir seu cargo de formas variadas, diferentemente do professor! Ele pode ser convidado pela escola, tendo sido um dos professores, pode ter se candidatado ao cargo, com apresentação de currículo especializado em coordenação pedagógica, pode ser convidado pelo diretor, porque este conhece seu bom trabalho, entre outras situações.

Note que não há uma regra específica para ser coordenador e, para pessoas com o olhar mais aguçado, é possível saber exatamente como o coordenador assumiu seu cargo. Na verdade, resolvi escrever este artigo, pois acredito que nunca tenha abordado o assunto de forma apropriada no blog e merece, sem dúvida, grande atenção.

Por qual motivo eu falaria sobre coordenação? Além da importância, presto CONSULTORIA PARA ESCOLAS e sei o quanto o coordenador influencia o trabalho de uma escola. Além disso, já estive em escolas na coordenação, tanto por convite quanto por currículo, em situações diferentes.

Por convite, trabalhei como coordenadora de inglês/ espanhol para a rede Objetivo do ABC, região metropolitana de São Paulo. Não se engane, porém! Antes de ser convidada, tive uma escola de idiomas minha, que comecei do zero. Note, portanto, que já tinha um histórico de administração, sem mencionar que fiz um ano de contabilidade e que me aventuro como empreendedora desde criança, quando já criava meios próprios de conseguir meu dinheiro pessoal… um dia eu conto essa parte também!

Por currículo, após ter experiência como coordenadora tanto no Colégio Objetivo – durante alguns anos – e como coordenadora de uma escola própria, acabei enviando o currículo especializado ( note que não é o mesmo currículo que enviaria para um cargo de professor. Ele traz apenas informações sobre minhas qualificações para a coordenação) para uma escola de idiomas de minha cidade. Na semana seguinte, já coordenava a parte pedagógica da escola.

Muitas vezes, a escola convida um excelente professor para coordenar e realmente é uma honra, já que o trabalho foi reconhecido. O que não se leva em conta, entretanto, é a visão desse professor em relação à coordenação de uma escola, que é bastante diferente de uma sala de aula. O professor deve ter a visão de um administrador e não digo que de forma acadêmica, mas que faça parte de sua pessoa. Siiiiim! Muitos de nós nascemos com essa visão, que pode ser bem aprimorada em cargos de gerência e coordenação.

Ser coordenador porque conhece bem o trabalho em sala de aula não adianta! Já vi acontecer muitas vezes e é algo cansativo para todos. Não adianta ser simpático – ou bravo em excesso – e nem passar nas salas de aula exigindo trabalhos e mais trabalhos só para mostrar que está sendo coordenador. Ser coordenador pedagógico é muito mais que isso!

Um bom coordenador consegue fazer algo único: ARTICULAR. Enquanto o professor tem como chave de seu trabalho as ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS, o coordenador tem como ferramenta básica a articulação. O que ele articula? Tudo em uma escola, pois ela é um todo!

Profissionalmente, para fazer uma CONSULTORIA, sento com o coordenador e lhe faço algumas perguntas que considero “chave” para saber exatamente como é a coordenação e o que é preciso fazer para que ela melhore. São perguntas, aliás, que recomendo sempre à escola fazer ao contratar novos coordenadores, seja por currículo, indicação ou mérito. Para este artigo, porém, farei algumas observações sobre o papel do coordenador usando como exemplo a montagem de um projeto.

Como tinha mencionado, a ARTICULAÇÃO é um ponto “chave” e importante para o coordenador pedagógico. Ele deve articular os professores de forma a terem um direcionamento em seu trabalho e saber buscar formações pedagógicas que possam auxiliar o trabalho. Vejo muito os coordenadores lançarem temas e ideias sobre os professores e deixá-los “se virando” com o assunto. Nunca vi, nessas condições, um bom trabalho de articulação, pois note que não há envolvimento do coordenador, que deve estar totalmente por dentro do projeto. O trabalho fica isolado e não traz a participação de uma equipe completa.

Pense da seguinte forma: quando um gerente ou diretor apresenta um projeto, os funcionários devem dar continuidade ao projeto. O gerente, porém, inspeciona com constância o trabalho, pois ele tem uma ideia prévia sobre ele em mente e esta ideia toma forma com o trabalho dos funcionários. O mesmo vale para o coordenador. Não adianta falar que “no próximo ano trabalharemos valores humanos”, se não envolver a equipe pedagógica no “clima” da proposta. Os professores precisam saber seu objetivo com a proposta, o que você espera que eles façam e INCLUSIVE, precisam de exemplos de trabalho.

Não pense que o trabalho todo é do professor, pois não é. Como disse, a ARTICULAÇÃO é a chave e ninguém articula nada estando fora do delineamento do projeto. Embora sejam os professores que escrevam propriamente o projeto, o coordenador deve informar, por exemplo, que notou uma grande perda nos valores humanos devido ao atendimento com diversos pais durante o ano, ou devido ao atendimento de alunos, conversando com eles. Além disso, é preciso ser OBJETIVO na proposta e dizer exatamente como quer que ela se envolva com a escola, dentro de outras tarefas rotineiras. Deve ainda trazer exemplos ou relatos de trabalhos de sucesso. Tudo isso envolve e articula.

As atividades podem sim ser montadas pelos professores, mas também precisam de participação da coordenação. O trabalho INICIAL da coordenação no projeto termina quando estiverem prontos os documentos pedagógicos e o material a ser usado com os alunos. Isso garante que o projeto tenha envolvimento de todos, que seja um trabalho amplamente percebido pelos pais e que tenha uma estrutura completa. Não adianta jogar a ideia para dizer que a escola fez e não se envolver.

Como o trabalho é ARTICULAR, depois de o projeto pronto é preciso estabelecer metas para ele. Sim, metas! Quais serão as datas de trabalho conjunto ou exposição? Quando o coordenador irá checar se o trabalho está em andamento normalmente em todas as salas? Em quais momentos serão feitas avaliações e ajustes do projeto? Como a essência do trabalho chegará aos pais?

Todas essas são questões com as quais o coordenador deve se importar. Profissionalmente, sugiro que ele tenha um cronograma com dias fixos, sejam quinzenais ou mensais para tratar do projeto. Esses dias são parte do planejamento de um coordenador e devem ser obedecidos como uma tarefa rotineira e de grande importância. É em projetos que o coordenador mais mostra sua eficiência.

Além disso, faz parte do trabalho também pensar no marketing do projeto. Um projeto sem marketing está fadado à rejeição ou à falta de importância por parte da família do aluno. Se não deixar claro o projeto para a família, como ela abraçará sua ideia? Note que ela não verá seu objetivo e pensará que é um “mata-tempo” que poderia ser ocupado com outras lições de muito maior importância. Durante o projeto, envie pesquisas, folders, informativos em geral, trabalhos feitos pelos alunos e que mostrem o envolvimento de todos. Faça a família perceber a evolução do trabalho e sua importância para a criança. Isso é essencial para que percebam também a eficiência de seu trabalho como coordenador. Note que seu trabalho é percebido a cada passo do projeto e que ele aparece sim, pois somente sua articulação pode contribuir para o sucesso total do projeto.

É claro que o trabalho do coordenador envolve muito mais e se me perguntar quais partes acho importante direi que são a ARTICULAÇÃO, o ENVOLVIMENTO COM OS PROFESSORES E FAMÍLIAS e a CAPACIDADE DE PLANEJAR a parte de gerenciamento da coordenação.

Este foi apenas um artigo introdutório e espero que tenha gostado! Procurei abordar um pouco sobre como o coordenador se torna um coordenador e exemplificar sua função em um trabalho concreto. Espero que tenha conseguido ser bastante clara e objetiva e que tenha gostado do artigo! Até a próxima!